Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
09
Fev 11
publicado por primaluce, às 17:11link do post | comentar

"Pela importância que é impossível não reconhecer a uma investigação centrada nesta temática [a origem dos Estilos Artísticos e Arquitectónicos], temos tentado, tudo por tudo, conseguir levar a bom termo o plano de trabalho que delineámos. Incluindo no mesmo, e em linhas gerais, as principais descobertas que fomos fazendo, sobretudo a partir de 2005, data em que acabámos o mestrado. Descobertas, ou os materiais que encontrámos, porque, de facto, e muito cedo (em 2002, estando na FL-UL) «acertámos», exactamente, nas linhas de investigação em que era necessário trabalhar e porfiar, para conseguir ter resultados positivos." 

Deste texto quisemos hoje sublinhar a palavra «porfiar», pois tem sido veemente, enfática - e, provavelmente (para alguns), quase obsessiva - a nossa vontade, e o imenso trabalho que, em consequência temos tido, para aprofundar e levar mais longe o que se descobriu, ou «trouxe à luz», a propósito do Palácio de Monserrate. 

Assim o post do dia 26 de Janeiro mantém a sua actualidade, quer sobre a necessidade de termos condições para escrever a tese; quer pelas muitas palavras, que fornece, remetendo para diferentes vertentes desta imensa questão. Vertentes que podem ser analisadas, de per si, depois de ampliadas, constituindo material para muito mais investigações.

Quanto à palavra «porfiar», ou o que queremos dizer ao empregá-la, é porque se assiste, de facto, à existência de uma imensidade de materiais - que são documentos não escritos, mas visuais, isto é, as próprias obras - que provam as nossas ideias:

Primeiro, como muita informação e aprendizagem é feita, e foi feita, através da visão. Depois, como a Geometria foi durante milhares de anos, a disciplina fornecedora das regras de constituição das imagens. Devendo por isso ser tratada como a base mental com que olhamos, e, sobretudo, a base com que podemos compreender aquilo que vemos. Foi com estes dados essenciais, e bastam estes dois (mas poderíamos ir buscar um terceiro dado, ainda mais essencial, que é a natureza*), para que tudo - neste caso o Pensamento e a Conceptualização - aparecesse depois: formando-se em acréscimos sucessivos. 

Enfim, esses acréscimos são todas as elaborações mentais que fazemos, a partir dos referidos dados, que foram primordiais.

Pavilhão Real de Brighton (1824)

A fotografia acima mostra uma das obras mais destacadas de John Nash (1752-1835): i. e., a síntese que fez a partir de inúmeros dados, incluindo as pré-existências que já estavam no local (em Brighton), e que teve que aglutinar, dando-lhes um sentido com um mínimo de coerência. Mas, apesar de escrevermos isto, é verdade que para muitos a obra está longe de ser coerente! Ao contrário, os que a consideram lógica, chegam a integrá-la até num Estilo, ou, pelo menos, numa «corrente estilística», onde também estão vários exemplos de grande ecletismo. A fotografia (vinda de Patrick Conner, de Oriental Architecture in the West) demonstra a existência desse espírito que existiu. Além de Eclético - reunião de marcas identificáveis, de diferentes épocas ou proveniências - aparece muito carregado de Orientalismo. E a fotografia também prova, que cúpulas bulbosas - ou em forma de bolbo, que alguns têm escrito haver na mansão de Sintra - de facto, essa imagem não existe nos telhados, ou na cobertura, que é múltipla, correspondendo a cada elemento volumétrico, do Palácio de Monserrate.

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*Provavelmente, há milhares de anos, só depois da visão, da compreensão, e de algum domínio da natureza, se pôde «inventar» a Geometria?


07
Fev 11
publicado por primaluce, às 09:40link do post | comentar

O CV, ou Curriculum Vitae faz-se sempre com o maior dos cuidados e atenção, na medida em que regista as principais actividades e representa a experiência de vida.

Acontece, que, frequentemente, talvez porque não se valorizam as tarefas por igual, nem sempre se incluem todos os trabalhos de carácter profissional a que nos dedicamos (e dedicámos).

Por exemplo, hoje temos a noção que fizemos trabalhos que nunca constaram no nosso CV: caso de actividades equivalentes às dos «Programas SAAL», que desenvolvemos para a CMO, a partir de um Gabinete de Arquitectura (Triar), ainda antes de 1976. Trataram-se de trabalhos para bairros de génese clandestina, que actualmente são designados pela sigla AUGI (Áreas Urbanas de Génese Ilegal) – como Ribeira da Laje e Serra da Mira (agora Concelho da Amadora).

Nesses locais existem inúmeras edificações (fogos unifamiliares) que desenhámos com base num trabalho de Nuno Portas, publicado pelo LNEC, dedicado à Habitação Evolutiva. Assim, antes de termos terminado a que era então uma licenciatura, já tínhamos projectado algumas dezenas de fogos. Referências que – talvez pela forma quase natural como desenvolvemos esses trabalhos – nunca incluímos num CV.

Curiosamente, há dias encontrámos um documento (ver link desse pdf) da Associação Amigos de Monserrate, onde se faz alusão a uma apresentação que fizemos (e tínhamos esquecido) na Trienal de Sintra, organizada pela Associação dos Arquitectos Portugueses, justamente no período de transição da Associação (AAP) para a actual Ordem dos Arquitectos (OA).

Segundo dizem os Amigos de Monserrate na sua história relativa ao ano de 1998 – “…É apresentado um trabalho sobre Monserrate na Trienal de Sintra pela Arq. Glória Azevedo Coutinho.” 

De novo em 2009 voltámos a fazer mais uma das várias Apresentações que ao longo da nossa vida já dedicámos ao Palácio de Monserrate (realizadas para os Amigos). Mas, nesta última data, já os nossos conhecimentos sobre o palacete de Sintra eram outros: tínhamos provado que era muito mais uma obra com origem na arquitectura europeia – i. e., na Itália Romântica, nos palácios florentinos e venezianos – do que influenciado pelo Pavilhão Real de Brighton, como J.-A. França defendeu, e todos repetiram*.

É uma longa história, que nunca ficará completa, pois não tencionamos elencar, listar ou contar, em nenhum CV – muito menos de forma sistemática, ou com datas – as ligações que estabelecemos (alguns contributos que julgamos ter dado, tendo recebido muito mais de volta), entre a nossa vida pessoal/cultural, e o conhecimento do Palácio de Monserrate.

http://amigosdemonserrate.com/sites/amigosdemonserrate.com/files/HISTORIA_CRONOLOGICA_DOS_AMIGOS_DE_MONSERRATE2.pdf

* Em geral os seguidores de J.-A. França aprofundaram menos as suas informações, e seguiram-nas mais: i. e., nem sempre olhando para as obras com a devida atenção e espírito critico: assim repetem-se frases, e mencionam-se detalhes, que, bem vistos, nem sequer existem nas obras. Neste caso são as “cúpulas bulbosas” que o pavilhão de Sintra nunca teve. Mas, sabe-se lá se nós fizemos o mesmo, quando escrevemos sobre Monserrate há mais de 20 anos?


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