Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Dez 10
publicado por primaluce, às 18:20link do post | comentar

Alguns de nós, quando contamos histórias, ou até mesmo quando damos aulas, sabemos que haveria um «mundo» de elementos, interminável, que seria necessário continuar a elencar. Necessário para que a história ficasse completa, ou, para que os alunos ficassem totalmente informados sobre determinado assunto. Então a quantidade de informação em torno de um qualquer tema, é, por isso,  frequentemente, imensa; «quase infinita»...

Ora em termos práticos (parece-nos?), o melhor é pensar que essa informação é incontável, e passamos logo a resumir.

Umberto Eco  – baseando-se nos seus conhecimentos de Teologia Medieval, e por saber que desde há séculos (muitos) as Escrituras são lidas e interpretadas de acordo com 3 sentidos principais, aos quais alguns autores acrescentaram um quarto sentido  – por isto (que não é pouco, mas tentamos sintetizar)  o autor italiano escreveu a Obra Aberta. Nela mostra que todas as obras estão sempre «em aberto», sendo acabadas pelas diferentes interpretações daqueles que as vêem.  E essas, muitas vezes, são - já eram, e tornam-se assim ainda mais - em verdadeiras exegeses (teológicas): as que cada um entender fazer.

Melhor dizendo, "as que cada um quiser...", mas, claro, dentro de determinados limites. Isto é, dentro dos limites que são definidos pela lógica, pelo senso comum, e, principalmente, os que se baseiam nos parâmetros que os Quatro Sentidos contidos nas Escrituras fornecem (como «regras de interpretação»*).

Master Francke que viveu em Hamburgo, entre c. 1380, e c. 1436, foi o autor da Natividade que escolhemos para evocar a época do ano que estamos a viver.  Ao que é dito**, grande parte da sua obra foi destruída pelos Iconoclastas, durante a Reforma. Tendo sobrevivido, de entre vários trabalhos, os Painéis do Altar de S. Tomás Becket, de que a imagem acima faz parte.

Poderão pensar que já conhecíamos esta obra, e que dela temos mais informações? Nada disso, vimos e escolhemo-la de imediato. Porquê? Pelas cores, e pela simplicidade, que um certo abstraccionismo – também colocado na reunião dos vários elementos – permitiu introduzir na composição. Levando assim a uma síntese, que, tudo faz crer ser fascinante (note-se que o tamanho real é de 0.99X0.89m).  

Cada um fará deste trabalho as suas interpretações; mas, depois de termos constatado que a maioria das obras tenta responder – ponto por ponto – às principais ideias e às noções teológicas que em cada época eram essenciais, e se pretendiam transmitir (devendo acrescentar-se que para o caso do Dogma da Trindade, essa preocupação atravessou todas as épocas). Assim, face a essa constatação, que passou a ser um dado apriorístico de todos os nossos raciocínios, temos que perguntar: onde está, e a que elementos iconográficos corresponde; ou, como se fez na imagem acima, a representação do Espírito Santo?

Ora pelo que vemos, só uma hipótese nos ocorre: será a filactera que se prolonga, e que nessa continuidade desenha um «8» deitado?  

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*Exégèse Médiévale, Les Quatre Sens de l’Ecriture, Henri De Lubac, Éditions Montaigne, Paris, 1959-1962.

** The Yale Dictionary of Art & Artists, por Erika LANGMUIR & Norbert LYNTON, Yale University Press, 2000.

Gótico, Robert Suckale, Matthias Weniger, Manfred Wundram, Taschen, Köln, 2007.

publicado por primaluce, às 12:55link do post | comentar

Quem não é cristão talvez não se aperceba do essencial da mensagem de Cristo? Mas, mesmo assim, temos as maiores dúvidas...

Parece-nos impossível que se viva neste contexto em que estamos todos - e em que estão os leitores deste blog - e não se aperceberem que a principal mensagem de Cristo, e da Igreja - a contida, por exemplo no Apocalipse de João* - é uma mensagem de Esperança: a certeza de ir haver uma libertação!

Com este espírito, e em véspera de Natal, é impossível que não nos lembremos das palavras espantosas de João Paulo II, quando o conhecemos como novo papa, acabado de ser escolhido pelo conclave. Chega à janela, sorridente, com voz forte, até «tonitruante», e grita para a Praça de S. Pedro: "Não tenham medo"!

   

Claro que nós não vivemos sem imagens; e sem elas não somos nada. Algumas traduzem, mesmo que fora de época (e do contexto), muito melhor do que as palavras, as ideias que queremos transmitir.

Vejam então a qualidade das amarras que nos colocamos, ou a força com que estamos presos:    

 

E porque, o seu a seu dono, é importante dizer que esta noção tão expressiva vem de:  

http://twitpic.com/3ehkv0

Onde podem ver, como estou a ver aqui, no dashboard de edição, a cadeira inteira, e também não está presa a nada! 

Daqui vai um agradecimento muito especial à colega e amiga que este ano me ajudou a resolver assuntos importantes. Partilhando ainda, a ideia extraordinária que esta foto resume. É que por ser naturalista, não geométrica - torna-se evidente (sem ser ensinado). Sei de muito boa gente que a vai entender de imediato: felizmente! Ao menos valha-nos isso... 

Obrigada, também a muitos outros que nos têm dado apoio e não deixam desistir. Obrigada aos meus alunos - os mais fantásticos dos "After Eight" - em especial aos que nunca faltam, e ajudam a fazer dos longos serões de 4ª feira o maior dos prazeres!   

Nestes dias não há tempo...

 A Todos

 

 Feliz Natal

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*Poderei indicar a quem estiver interessado, a explicação desse texto por Marie-Françoise Baslez, que, no nosso caso, nos permitiu entendê-lo.


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