Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
30
Nov 10
publicado por primaluce, às 09:51link do post | comentar

“…As elites do saber renunciaram a educar o público, a reflectir e a escolher. A cultura, a ciência, o estudo da alma humana exigem tranquilidade, profundidade, o reconhecimento dos próprios erros e qualidades como o respeito e a humildade.

Francesco Alberoni* 

E vamos encontrando obras repletas de iconografia antiga** - que, sucessivamente, foi transformada e deturpada - e que hoje nada nos diz. Mas entra (olhos dentro, muito de mansinho) ficando «armazenada» no inconsciente de todos. Iconografia que por isso constitui, e pode dizer que se chama, «Inconsciente Colectivo»; merece ser estudada.

Parece-nos...? Ou é preferível ignorar ainda mais!!!

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*lido hoje em http://www.ionline.pt/conteudo/91280-o-silencio-dos-intelectuais-e-sociedade-barbara

** Resultante directa da Filosofia e da Teologia Cristã...


28
Nov 10
publicado por primaluce, às 19:28link do post | comentar

Na linguagem corrente diz-se que é preciso ter bases bem consolidadas para se poder progredir na aquisição de novos conhecimentos.

Eduardo Marçal Grilo é autor de uma obra recente – que não lemos – mas cujo título é bastante esclarecedor: Se Não Estudas, Estás Tramado.

Desde 2002, 2004, 2005, com os novos conhecimentos, adquiridos ao fazer Monserrate - uma nova história, pudemos compreender alguns dos equívocos (históricos) em que estamos mergulhados. Assim como, também pudemos alargar, espantosamente, as nossas bases.

O que deixámos ao longo desse trabalho, incluindo a Introdução e a Síntese Final, constituem o que passámos a pensar: os novos conhecimentos que adquirimos, e a base do muito mais, que, de então para cá, continuámos a adquirir.

Hoje é um facto assente (de acordo com a Convenção de Bolonha) que o curso de arquitectura corresponde a um mestrado integrado. Portanto, ao duplicar as nossas habilitações, não caímos propriamente num erro, e perca de tempo. Pelo contrário, adquirimos a maior das vantagens: saímos da Faculdade de Letras com um trabalho que é muito mais do que inovador – quase revolucionário – sobretudo nas conclusões que pudemos retirar; as quais ficaram assim avalizadas.

Não se trata de uma mera opinião pessoal, são conhecimentos novos, que, nalguns casos, estavam esquecidos desde há séculos. Como sucede com a origem da palavra Gótico, e a explicação que damos, para, vários séculos depois de ter existido um Símbolo da Fé (e um sinal) Gótico, o mesmo ter dado origem a um Estilo Arquitectónico, ao qual a palavra «se colou»: sem que, nunca mais, outra designação a tivesse conseguido substituir*.    

São muitos os conhecimentos novos – que não se impõem – mas que, pela sua lógica (evidente), com o passar do tempo recebem a adesão de todos os que querem progredir no Saber. E a construção desse Saber é uma Arquitectura, como são também muitos, e sucessivos, os degraus duma realidade muito abstracta - a progressão no conhecimento - que é por isso comparada ao subir de uma escada...**

Assim, compreender o Património, arquitectónico, cultural, e entender o que podem ser hoje as vias de um futuro que se deve tentar desenhar (ou inventar), é algo que nos ajudará, a todos. Porque está tudo ligado, como por exemplo o Saber esteve todo unido, há vários (muitos) séculos atrás. As respostas e as soluções que se impõem (num país que parece deixar-se morrer…), não hão-de provir só de um lado: Economia, Finanças, ou até as Engenharias,  visto que a componente cultural, o Saber e o Conhecimento – inclusive da História – irão ser essenciais, para cruzar com outros Saberes, e ajudar a definir o futuro.

A imagem que escolhemos é um excerto do retrato da família do Duque de Milão – Ludovico Sforza (1452-1508) – que ficou como Il Moro. Aconselhamos a que reparem, e comparem, as argolas que estão no túmulo de Egas Moniz (no nosso trabalho ver fig. 91), com o colar que está na imagem acima, colocado ao pescoço de Ludovico Sforza. É exactamente a mesma iconografia, embora tratada de formas diferentes. Em ambos os casos deu-se «a ver» a Ideia essencial do Símbolo Gótico, acima referido. O qual, quer Egas Moniz (o Aio de Afonso Henriques), quer o Duque de Milão – sem dúvida – ambos tiveram que seguir: tratava-se de uma questão essencial da Fé Cristã, que professavam (apesar de terem vivido na Europa, em lugares e em datas muito diferentes).

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* É sabido, como referimos no nosso estudo, que tentaram dar-lhe a designação «ogival».Ver Monserrate, uma nova história, op. cit., pp. 44 e 167, nota nº 94. 

** Expressões empregues por autores do século XII, e também por alguns que os estudaram, como os teólogos M.-D. Chenu, e Henri De Lubac. 

Ler Sinopse de – Se Não Estudas, Estás Tramado – em: http://www.wook.pt/ficha/se-nao-estudas-estas-tramado/a/id/6185370


26
Nov 10
publicado por primaluce, às 20:15link do post | comentar

À Teresa C., inventora dos mais extraordinários "Grand Tours", 

 

Saudades Sempre!


24
Nov 10
publicado por primaluce, às 12:05link do post | comentar

Summary  

In England Gothic Architecture can be traced through the Middle Ages to the Baroque period; it reappeared on the Gothick follies in Rococo Gardens. Around 1750 Horace Walpole decided to build Strawberry Hill. His house would be “a little gothic castle”. The idea came from English garden experiments, or, perhaps, influenced by the Lisbon Aqueduct. Walpole’s letters reveal that he was well informed, in touch with Portugal.

The “castle” was constructed experimentally, embodying continuous historical and archaeological research. Since then, the origins and a consistent theory explaining Gothic architecture was not yet produced. According with new ideas, we have a proposal: There were connections between Theology and Geometry; a Diagram became an architectural leitmotiv. First it was a symbolic-decorative form, afterwards a supporting element - the Pointed Arch. Our explanation makes clearer the difference between Survival and Revival Gothic.  

Throughout the eighteen-century, some Grand Tour travellers came to Portugal. The Earthquake, Lisbon Aqueduct, Alcobaça and Batalha Abbeys, were attractive; and also the opportunities for business: Gérard Devisme, was granted a Monopoly, became millionaire and his houses famous.

He spent summer in Sintra, where he constructed Monserrate. This “Chateau” has been seen the first Neogothic house in Portugal. Later William Beckford inhabited it, but when he left Portugal, the mansion was abandoned altogether.

Byron visited the place, and after, c. 1860, another English millionaire rebuilt the manor, with plans of James T. Knowles. The reformed building is a strange blend of Gothic and Oriental elements. As it became usual, architects employed patterns from archaeological discoveries:

It combines forms of the Batalha Monastery, the Alhambra Palace, and Venice Palazzos. The decorations revealed by James Murphy, Owen Jones and John Ruskin last studies, are inscribed in Monserrate:

 

This masterpiece of High Victorian architecture is a Venetian Gothic Revival, influenced by “Stones of Venice” (1851-3).  

 Apesar de ser em português - Monserrate, uma nova história* - está

no catálogo de algumas bibliotecas influentes, por exemplo:

Despite being in Portuguese – our Monserrate, a new story - is in the catalog of some influential libraries, for example:

http://search.library.yale.edu/catalog/8280714

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* Monserrate, uma nova história, Livros Horizonte, Lisboa 2008

ISBN 978-972-24-1528-6


publicado por primaluce, às 10:16link do post | comentar

Saudades do futuro, mas também do passado. De muita coisa que pudemos fazer bem, porque tivemos condições para isso, tendo-as aproveitado ao máximo. Tentando sempre aprender mais, e consolidar a nossa formação, mesmo sem estar à procura de obter (atingir ou adquirir...) graus académicos. Por isso, quando há cerca de 10 anos foi preciso ir buscá-los, formalmente, o chamado «canudo», já estávamos preparados para muito mais. Talvez por isso, e de acordo com a Convenção de Bolonha actualmente detemos dois Mestrados (MD ou MA) em áreas diferentes. O que não deixa de ser uma imensa ironia, para alguém que sempre valorizou muito mais os factos: "o Ser", de facto, "o Saber-Fazer" (o "know-how"), e não apenas "o Ter"!

Num dia como o de hoje - em que muitos vão exprimir, através da Greve-geral, a sua indignação pelos direitos que lhes retiram; e como sobre todos nós pende uma péssima governação, de quem não sente, minimamente, a mudança dos ventos da história. De quem deixou que as economias chamadas emergentes - onde não há os mínimos direitos sociais - ficassem a par, e concorressem ao mesmo nível, com as economias estruturadas, há bem mais de um século. Naturalmente, num dia diferente como hoje, é impossível alhearmo-nos daquilo que nos rodeia. Seria impossível não notar, como as aparências, e o superficial - "l'écorce...", como escreveu no século XVIII Madame du Déffand, a propósito de Robert Walpole (sobrinho, e enviado inglês em Lisboa, que provavelmente era muito genuíno, e não de aparências) - têm estado à frente do estrutural.

Deveríamos talvez, ter consolidado a nossa sociedade usando a lição dos construtores medievais, que sabiam muito bem diferenciar o verdadeiro do falso; o superficial do estrutural*?

Hoje, num novo post (que será trabalhado), vamos deixar o resumo das investigações que dedicámos a Monserrate, numa versão em inglês. 

É consequência da necessidade de divulgação que nos tem sido aconselhada, mas, já agora (talvez ironicamente...) também uma forma de, para todos aqueles que só valorizam o que vem de fora - ou escrito em inglês - poderem enfim entender os estudos que fizemos. Francamente, é uma «boa saloice», típica dos cuidadores de alfacinhas, que crescem ao redor de Lisboa!   

E visto que todos usamos estrangeirismos, serve para aconselhar - a quem quiser conhecer bem o seu país, e a região onde vive - que leia de Orlando Ribeiro, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, e a origem da designação «saloio», que também veio de fora**. Do muito que temos podido fazer ao longo dos anos, ler esse livrinho, foi uma das coisas que nos deu gosto, e, consideramos ser essencial, para a Cultura Geral de qualquer português, independentemente da área profissional.  

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*Por isso, se numa primeira fase usaram a mandorla, como elemento superficial esculpido na pedra, mais tarde, colocaram-na num Arco, e no suporte das superfícies superiores e de fecho, fazendo com que o significante «impregnasse», totalmente, o estrutural. Enfim, fundindo um no outro, como Vitrúvio explicara, e fazendo com que o decorativo fosse adequado: i. e., verdadeiro, e estrutural.

** Orlando Ribeiro, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, Editora Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1967, ver p. 60.  


23
Nov 10
publicado por primaluce, às 08:51link do post | comentar

 Ver bem, e ver demais: como "moscas do outro lado do rio", em Almada! 

Ver coisas que ninguém vê!  Ou ainda, ver antes de tempo, e "avant la lettre". Enfim, é estar sempre fora de moda...Felizmente!   

E quando pensamos nisto, lembramo-nos,  em catadupa,  de vários registos: vão desde Florbela Espanca,

às “Saudades do Futuro...”

E «lembrar em catadupa», é equivalente às Mnemotécnicas de F. Yates? 


22
Nov 10
publicado por primaluce, às 10:38link do post | comentar

 

  Das mais variadas maneiras o objectivo é ensinar, contactos para:

bien.faire.et.laisser.dire.gac@gmail.com


21
Nov 10
publicado por primaluce, às 09:41link do post | comentar

Não são os únicos responsáveis por este blog, de forma nenhuma, mas algumas conversas que tivemos – os próprios sabem disso..., e agradeço  – levaram a um «amadurecimento» mais rápido e dirigido, passando a pôr em prática aquilo que há muito tempo entendia ser necessário fazer.

Em 2005-06, noutras conversas com pessoas ligadas a instituições, que nos tinham convidado para aí fazer cursos - com vista à divulgação de conhecimentos nas áreas do Património, e também nas novas áreas que tínhamos acabado de investigar e introduzir, com os materiais vindos do mestrado - por essa data houve oportunidade de pensar e elucubrar até que ponto a Universidade em Portugal, estaria preparada para aceitar aquilo que se tinha descoberto?

Foi uma questão que nos colocámos, durante todo o ano de 2005, tendo vencido, como se sabe, aquilo que nos pareceu ser o mais correcto fazer: avançar para os estudos de doutoramento, com a maior dedicação que nos fosse possível, dadas as características, dificílimas, do tema; mas, em contraponto, o seu grande pioneirismo.  

Aceite a nossa proposta pela FBAUL, de novo, durante quase um ano foi preciso explicar à FCT, aquilo que se pretendia de facto: provando,  em vários pontos, e com o apoio de muitos exemplos (sobretudo a questão dos designados “Góticos Tardios”*),  a principal ideia que já tinha tinha ficado registada na Síntese Final, da dissertação do mestrado.

É uma longa história, vai ser sempre, e são poucos os que ficam bem neste retrato. Temos muitas datas registadas,  e como os factos foram evoluindo. Ninguém vai ficar bem nesta imagem que tem ajudado a construir. Cada um vai fazendo a sua «momice», não vendo que o apoio e a colaboração (havendo até instituições que se chamam de «acolhimento» e não acolhem nada nem ninguém...), só os dignificariam: a todos os que colaborassem positivamente,  para a viabilização de conhecimentos que são fulcrais. É o "conhece-te a ti mesmo" que vinha da Antiguidade,  neste caso o auto-conhecimento de um povo, da Cultura (e da civilização) em que está integrado.

Ou, é a frase de Helena Vaz da Silva – "É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar." Frase que resume, de forma perfeita, a falta que a Cultura nos faz a todos! 

Mas também, como em Portugal, apesar dos discursos governamentais, muito bem intencionados e repletos de promessas (muito velhas), algumas Universidades estão longe de serem pragmáticas, ou assertivas: colaborando de facto, e colocando-se na posição dianteira (qual verdadeira "pole position", como se diz no desporto automóvel), de quem pretendesse afirmar-se como condutor e motivador, nalgumas áreas importantes, da vida em sociedade.

Caríssimos Alunos deixo-vos hoje a primeira página de um artigo que escrevi (em Nov. 2005) e está nas Actas do 4º Encontro de História, de Vila do Conde, publicadas em 2006. Esse encontro teve como tema principal – “A Comemoração dos 300 anos do início da construção do Aqueduto do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde…”**. Embora, o tema, e os seus pressupostos sejam «curiosos», sobretudo interessantes, exactamente para a vida dessa cidade, pela nossa parte, aproveitámos para desenvolver um pouco mais, algumas ideias que já tínhamos detectado, relativas aos Arcos Romanos e aos Arcos Góticos. E também, à questão do Abastecimento de Água à Cidade de Lisboa, no século XVIII; particularmente, até, o «receio» do engenheiro Manuel da Maia, em usar tubos de ferro, dentro dos quais a água estivesse sob pressão...***

Para o vosso caso o interesse deste artigo está, principalmente, nos “considerandos” que deixámos nas suas primeiras páginas: a remeter para os diferentes modos de intervenção urbana, e para o Projecto em geral. Em suma, uma contextualização, muito breve e genérica, daquilo que estão a fazer.  

  

 

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* E a situação, que não é única na Europa – mas sim uma existência, que é generalizada - de casos de Góticos Tardios, e aos quais em Portugal se deu a designação de “Manuelino”.

** O Nosso Património, por Mário Almeida, Presidente da CM Vila do Conde, ver em Actas..., op. cit., p. 7, Vila do Conde, 2006.

*** Como hoje sucede, havendo reservatórios elevados, que tiram partido, prático, do chamado Sistema de Vasos Comunicantes.

Ver ainda em http://www.cnc.pt/ 

 


20
Nov 10
publicado por primaluce, às 12:01link do post | comentar

...ajuda a pensar

 

Arcos Quebrados do Aqueduto de Lisboa, no Vale de Alcântara 

Estudos realizados sobre fotografia


19
Nov 10
publicado por primaluce, às 12:33link do post | comentar

Caros Amigos

Embora alguns pensem que a nossa área de especialização é a História da Arte. Isto é, o grau (mestrado) que fomos adquirir no Instituto de História da Arte, da Faculdade Letras da Universidade de Lisboa, não é exactamente nessa área, mas sim, em Arte, Património e Restauro. Com uma componente forte de História da Arte, sim, mas, aquilo que mais nos interessa é o Património Arquitectónico, o seu restauro, e, acima de tudo a sua conservação. Aliás, o património e o restauro já estavam na nossa vida, há muito tempo. Quer por uma Pós-Graduação feita no IST, que nos levou depois aos primeiros estudos dedicados ao Palácio de Monserrate. Quer, igualmente, por vários projectos - e a direcção das respectivas obras - de espaços de farmácias, e outros espaços: privados e públicos. Ou, até mesmo de Obras Públicas. Intervenções que foram feitas, na maioria dos casos, sobre realidades pré-existentes, e, não tanto, obras de raiz.

Este post (que tem sido interrompido por sucessivas falhas de rede...), é para deixar esse tema inscrito. Já que, proximamente, tencionamos abordá-lo: a "Regeneração Urbana", como foi designado recentemente, pela Confederação Empresarial de Portugal.

A notícia pode ler-se no Destak de hoje (19.11.2010), em que o Presidente da CIP, António Saraiva, defende, e muitíssimo bem (sem a menor dúvida), um grande projecto desse tipo: o qual, em sua opinião, terá «um efeito multiplicador». E, pode-se acrescentar, terá um efeito altamente motivador. Como alguns de nós há muito sabemos, embora os governantes tenham tido tendência(s) - muito despesistas e ignorantes..., a desprezar o senso comum, e os estudos académicos - para andar a desenvolver outros projectos. Como foi, concretamente, o caso da EXPO 98, ou os Estádios para o Campeonato de Futebol - o Euro 2004 - que contribuiram para várias sequelas, e consequências verdadeiramente graves, ao nível da «desqualificação» da construção (para não entrar noutro tipo de danos). 

É um tema que profissionalmente conhecemos bem, e já abordámos no nosso trabalho dedicado ao Palácio de Sintra, como se pode ler em Monserrate, uma nova história*. Antes dos estudos na FL-UL - fora aliás na tentativa de ajudar a dar visibilidade a Monserrate, que em 1987 tínhamos contactado (quando ainda o palácio sintrense não «caía aos bocados», como depois veio a acontecer) - cerca de 1994 juntámo-nos aos Amigos de Monserrate: logo depois de saber da existência da referida associação.   

Assim deseja-se o maior êxito na prossecução dessa ideia de "Regeneração Urbana", que pode vir a ser fulcral, e de enorme importância a nível nacional, ajudando a «alavancar» muitas empresas de um país em crise. Em crise por várias razões, pois é certo que são também históricas e civilizacionais essas razões, mas, em termos práticos, porque o sector da construção civil, é há muito tempo, um dos de maior importância do país**. Em geral não precisamos de obras de «engenharias muito evoluídas e muito sofisticadas» (embora seja necessário pensar e fazer opções...), enquanto vários sectores que se relacionam com o quotidiano das pessoas, e os cenários em que têm que viver, estiverem tão descurados.

Antes de terminar fica ainda uma outra ideia, que (não se pode continuar a esconder debaixo do tapete) precisa de ser resolvida***: a Lei do Arrendamento, não foi ainda suficientemente revista e corrigida, de modo a tentar acabar, pois isso parece muito difícil, com a necessidade, «premente», de cada português ter que viver em casa própria! É um negócio fantástico, para alguns, mas um empobrecimento geral, mensal. E, quando se constrói de novo, há uma nova ocupação sobre o território, que, não faz o menor sentido. Parece-nos?!  

Todo este tecto (a fotografia é de 1987), da autoria de Domingos Meira, caiu, literalmente aos bocados, quando as madeiras, apodrecidas pela infiltração das águas pluviais cederam, e perderam capacidade de suporte. Quantas edificações, valiosas, não haverá no país, a precisarem de intervenção, antes que os estuques se percam? 

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* Vejam Monserrate, uma nova história, na p. 146 em diante, o capítulo: "Do Ecletismo do Palacete ao dos Jardins. Epígonos e um Epílogo: Monserrate um lugar especial, onde o valor do Património gera potencialidades; ver ainda a nota nº 398, na p. 195

** Certo ou errado é um outro ponto a analisar. Leiam, se tiverem acesso a esse trabalho interessantíssimo, a perspectiva (que é bem diferente da nossa) relativamente à arquitectura vitoriana, vinda de Tristram Hunt, em: Building Jerusalem, The Rise and Fall of the Victorian City. Owl Books, New York, 2005. 

*** Numa área, que não é da Arquitectura ou do Design, embora seja estrutural para o país. No dia 9 deste mês já houve algumas notícias sobre este assunto (ver em http://www.destak.pt/artigo/79883-cip-propoe-despejos-mais-faceis-e-licenciamentos-mais-simples), e hoje a questão aparece tratada com mais profundidade, na perspectiva da conservação do património. 


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